"- Bom dia, disse a raposa.
- Bom dia, respondeu polidamente o príncipezinho, que se voltou, mas não viu nada.
- Eu estou aqui, disse a voz, debaixo da macieira...
- Quem és tu ? Perguntou o príncipezinho. Tu és bem bonita...
- Sim, eu sou bem bonita. Eu sei. - disse a raposa
- Vem brincar comigo, estou tão triste...
- Eu não posso brincar contigo. Não me cativaram ainda.
- Ah! Desculpa. Que quer dizer "cativar"?
- Tu não és daqui, que procuras ?
- Procuro os homens. Que quer dizer "cativar"?
- Os homens, têm fuzis e caçam. É bem incômodo ! Criam galinhas também. É a única coisa interessante que eles fazem. Tu procuras galinhas ?
- Não. Eu procuro amigos. Que quer dizer "cativar"?
- É uma coisa muito esquecida. Significa "criar laços..."
- Criar laços ?.
- Exatamente, tu não és ainda para mim senão um garoto inteiramente igual a cem mil outros garotos. E eu não tenho necessidade de ti. E tu não tens também necessidade de mim. Não passo a teus olhos de uma raposa igual a cem mil outras raposas.
Mas, se tu me cativas, nós teremos necessidade um do outro. Serás para mim único no mundo. E eu serei para ti unica no mundo.
Os outros passos me fazem entrar debaixo da terra. O teu me chamará para fora da toca, como se fosse música.
E depois, olha! Vês, lá longe, os campos de trigo?
Eu não como pão. O trigo para mim é inútil. Os campos de trigo não me lembram coisa alguma. E isso é triste...
Mas tu tens olhos cor de ouro. Então será maravilhoso quando me tiveres cativado. O trigo, que é dourado, fará lembrar-me de ti. E eu amarei o barulho do vento no trigo...
A raposa calou-se e considerou por muito tempo o príncipe : - Você é tão lindo *_*
-Por favor... Cativa-me!
- Bem quisera, mas eu não sei se posso. Tenho ainda muitas coisas pra conhecer
- Mas gente só conhece bem as coisas que cativou. Os homens não têm mais tempo de conhecer coisa alguma. Compram tudo prontinho nas lojas.
Mas como não existem lojas de amigos, os homens não têm mais amigos.
- Se tu queres um amigo, cativa-me...
- É preciso ser paciente.
Tu te sentarás primeiro um pouco longe de mim, assim, na relva. Eu te olharei com o canto do olho e tu não dirás nada.
A linguagem é uma fonte de mal entendidos...
No dia seguinte o príncipezinho voltou.
- Teria sido melhor voltares à mesma hora.
Sei que tu vens, às nove da noite, desde as oito eu começo a ser feliz.
Quanto mais a hora for chegando, mais eu me sentirei feliz. Às oito horas, então, estarei inquieto a agitado: descobrirei o preço da felicidade
Assim o raposa cativou o principezinho.
Mas, quando chegou à hora da partida, o principezinho disse :
- Ah ! Eu vou chorar.
- A culpa é tua, eu não te queria fazer mal; mas tu quiseste que eu te cativasse...
- Quis
- Mas tu vais chorar!
- Vou.
- Então, não sais lucrando nada !
- Eu lucro, por causa da cor do trigo.
- Adeus...
- Adeus. Eis o meu segredo. É muito simples: o que importa é o importante. E isso basta."
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